Risco de abandono do tratamento da sífilis e do pré-natal acende alerta em Manaus

Manaus/AM - O risco de abandono do tratamento da sífilis entre as gestantes, potencializando o risco de sífilis congênita acendeu um alerta em Manaus. A transmissão da mãe para o bebê na gestação e parto, leva a situações como aborto, parto prematuro, malformação do feto, cegueira, surdez ou morte da recém-nascido.   Entre 2020 e 2024, conforme dados do Boletim Sífilis 2025, elaborado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), foram notificados, em Manaus, 16.857 casos de sífilis adquirida (casos identificados em adultos com idade superior a 13 anos, excluindo-se as gestantes) e 8.710 em gestantes. Quanto à sífilis congênita, houve, no mesmo período, 1.641 casos em menores de um ano, com 41 óbitos.   A enfermeira Ylara Enmily Costa, técnica do Núcleo de Controle de HIV/Aids, IST e Hepatites Virais da Semsa, observa que, do total de casos de sífilis congênita em Manaus, mais de 80% ocorreram por abandono do pré-natal e do tratamento. “A gestante deve receber um tratamento que geralmente é realizado em três semanas, com aplicação semanal da penicilina, mas como não é um tratamento tão fácil em relação à dor, algumas vezes ela não finaliza o processo para obter a cura. Por isso, a criança acaba sendo notificada e tratada já nas maternidades”, destaca Ylara.   A enfermeira explica que, quando o diagnóstico da sífilis materna é realizado ainda no pré-natal, as chances de se evitar a transmissão vertical chega a 100%, por isso é essencial evitar o abandono do pré-natal e do tratamento para a sífilis.   Em 2024, os dados do momento do diagnóstico da sífilis materna mostram que 42,3% foram ainda no pré-natal, enquanto que 52,4% durante o parto/curetagem, 3,1% foram identificadas após o parto e 2,2% não foram realizados ou não foram preenchidos na ficha de notificação.   Na realização do pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde da rede municipal, é ofertado o teste rápido para sífilis para todas as gestantes, iniciando o tratamento o mais rápido possível. Além da gestante, é necessário o tratamento das parcerias sexuais para evitar que haja reinfecção após o tratamento da mãe. A benzilpenicilina benzatina é o único medicamento eficaz na prevenção da sífilis congênita, uma vez que ultrapassa a barreira transplacentária e trata o feto intraútero.  

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